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A Era das Narrativas

Atualizado: há 21 horas

Como as Histórias Moldam a Sociedade Contemporânea

 

Desde o momento em que acordamos até o momento em que nos deitamos, somos bombardeados por histórias que moldam nossas percepções, influenciam nossas escolhas e determinam o curso dos eventos.

 

Este fenômeno tem sido explorado por diversos autores, entre eles Evan Cornog e Christian Salmon, cujas obras lançam luz sobre o Poder do Storytelling na sociedade moderna.

 

Em seu livro "The Power and the Story", Evan Cornog examina a relação entre a política e o Storytelling nos Estados Unidos, introduzindo o conceito de "Nação e Narração".

 

Cornog argumenta que a maneira como os presidentes americanos moldaram suas narrativas ao longo da história desempenhou um papel fundamental na formação da identidade nacional e na condução da política do país.

 

Ele destaca como os presidentes desde George Washington até George W. Bush utilizaram estratégias de comunicação e narrativa para influenciar a percepção pública e alcançar o sucesso político.

 

O escritor francês, Christian Salmon, em sua obra "Storytelling: La machine à fabriquer histoires et formater les esprits", argumenta que estamos vivendo na "Era das Narrativas", na qual as histórias se tornaram uma força dominante que permeia todas as esferas da vida.

 

Salmon destaca como o Storytelling é utilizado por empresas, políticos e instituições para construir marcas, promover ideias e conquistar o apoio do público.

 

Ele sugere que o Storytelling se tornou uma ferramenta essencial para moldar nossas percepções e influenciar nossas decisões.

 

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A Era das Narrativas

Storytelling na política

 

Um exemplo recente de Storytelling na política americana pode ser observado nas campanhas presidenciais.


Candidatos e suas equipes de comunicação investem pesadamente na criação de narrativas que ressoem com o eleitorado, apresentando histórias que destacam suas qualidades, conquistas e visão para o futuro.

 

Um exemplo significativo é o discurso "A City Upon a Hill" ("Uma Cidade Sobre uma Colina"), proferido por Reagan em 1989, durante seu último discurso como presidente.

 

Neste discurso, Reagan evocou a imagem da "cidade sobre uma colina" como um símbolo da excepcionalidade americana e da responsabilidade dos Estados Unidos de ser um modelo para o mundo.

 

Ao utilizar essa metáfora poderosa, Reagan criou uma narrativa que ressoou com o público americano, transmitindo uma mensagem de otimismo, orgulho nacional e compromisso com os valores fundamentais da nação.

 

Ele pintou uma imagem vívida de uma América que serve como um farol de liberdade e esperança para o mundo, destacando o papel dos Estados Unidos como uma força para o bem no cenário internacional.

 

Este discurso exemplifica o uso eficaz de técnicas de storytelling por parte de Reagan para comunicar uma visão inspiradora e mobilizar o apoio do público.

 

Ele demonstrou como as histórias podem ser usadas não apenas para entreter, mas também para inspirar, persuadir e liderar.

 

Caroline Collier expressa uma visão bastante crítica sobre o discurso proferido por Reagan.

 

Ela argumenta que "A Cidade na Colina" representa uma forma contemporânea de ficção altamente persuasiva, que negligencia as angústias de uma cidade que enfrenta diversos problemas, como o esgotamento devido ao excesso de trabalho, a presença de imigrantes indocumentados e a brutalidade policial, sem reconhecer que o profundo sofrimento os conecta de maneiras inesperadas ao longo de vários dias sufocantes de verão.

 

A visão crítica de Caroline Collier sobre a "Cidade sobre uma Colina" lança uma luz importante sobre o conceito de excepcionalismo americano e suas implicações.

 

Ao questionar a ideia de que os Estados Unidos estão acima das regras devido às suas supostas virtudes extraordinárias, Collier nos convida a refletir sobre as falhas potencialmente fatais dessa autoavaliação grandiosa.

 

No fundo, Collier nos apresenta uma visão mais realista dos Estados Unidos, onde os desafios e as lutas diárias são parte integrante da experiência humana.

 

Caroline Collier nos lembra que as narrativas podem ser poderosas ferramentas de controle e influência. Elas podem ser usadas para moldar percepções, manipular emoções e justificar agendas políticas e ideológicas.

 

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"Não é a mesma velha história"

 

Em um artigo intitulado "Não é a mesma velha história", Lynn Smith, colunista do Los Angeles Times, enfatizou em 2001 a natureza sem precedentes do fenômeno do storytelling, que transcende fronteiras disciplinares e se estende por todas as áreas do conhecimento humano.

 

Desde a midiatização dos anos 1960, o pensamento narrativo rivaliza com o pensamento lógico na compreensão de áreas como jurisprudência, geografia, doença e guerra.

 

A implicação disso é que histórias se tornaram um substituto perigoso para fatos e argumentos racionais.

 

Críticos alertam que histórias sedutoras podem ser manipuladas em mentiras ou propaganda, e as pessoas podem enganar a si mesmas com suas próprias narrativas.

 

Percepção e compreensão da realidade

 

Em suma, as histórias deixaram de ser vistas apenas como narrativas fictícias e passaram a ser reconhecidas como influenciadoras poderosas da percepção e compreensão da realidade em todas as áreas do conhecimento humano.

 

A Era da Narrativa é um fenômeno inegável na sociedade contemporânea, onde as histórias desempenham um papel central na formação da identidade, na condução da política e na comunicação de ideias.

 

Autores como Evan Cornog, Caroline Collier, Lynn Smith e Christian Salmon nos convidam a refletir sobre o poder do storytelling e sua influência profunda em nossas vidas.

 

Em um mundo onde as narrativas são onipresentes, compreender seu impacto torna-se essencial para navegar pelas complexidades do século XXI.


 

Artigo de Marcelo Madeira


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